terça-feira, 24 de maio de 2016

Sobre a polémica dos colégios privados

Desde o meu “regresso”, pelo pouco que ainda li da blogosfera, já percebi que esta é uma polémica que também aqui chegou. Não tenho seguido com grande atenção, mas têm-me chegado algumas posições em defesa dos contratos de associação por uma via que agora não interessa para aqui. E a minha experiência da “coisa política” diz-me que quando se começa a mexer em grandes interesses começam a aparecer notícias por todos os lados para lavar a cabeça das pessoas em defesa dos interesses de alguns sem se aperceberem.

Contudo, eu já trabalhei numa escola com contrato de associação. Não tenho o hábito de levar todos pela mesma medida, mas posso contar como eram as coisas nessa escola onde trabalhei (que não direi qual era, por razões que creio que todos compreendem):

- Parte do corpo docente estava a recibos verdes há anos.
- Os professores do quadro ganhavam bem abaixo da tabela salarial da função pública.
- O número de auxiliares era bem baixo (1 empregada do bar + 3 de limpeza e a total ausência de contínuos nos corredores)
- Os alunos eram submetidos a entrevistas de seleção. Os selecionados não eram os ricos, mas sim os inteligentes. (É daí que vem a excelente colocação no ranking das notas, mas com a premissa sempre que também têm alunos pobres… pobres, mas inteligentes, é assim que se enganam os tolos).
- Os alunos menos inteligentes ou com comportamento mais problemático no 9.º ano eram “convidados” a ir para o ensino profissional (e não se utiliza o ensino profissional como mais valia, mas sim depósito de alunos com problemas. Depois passou a fazer-se isso com os cursos vocacionais, que em boa hora este ministro diz que são para extinguir).
- A União Europeia (essa instituição de bem) paga o almoço aos alunos das escolas com contrato de associação. Mas não paga aos da escola pública…
- Havia alunos nesta escola que vinham diariamente de uma capital de distrito que fica a cerca de 25 Kms, em autocarros do colégio, financiados pela Câmara Municipal. (e não existirá escola pública com capacidade nessa capital de distrito?)
- Existia uma escola pública básica a cerca de oito kms desta escola onde estive que... estava às moscas…

Esta é a realidade de quando lá trabalhei, que já foi há alguns anos. Algumas coisas podem ter mudado, mas penso que, grosso modo, está tudo na mesma.


10 comentários:

  1. Caso para dizer, cada caso é um caso

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    1. Este é o caso onde trabalhei. Não quero julgar todos pela mesma medida, mas às vezes é difícil, Limite...

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  2. Horatius há casos e casos, e cada um com a sua história, feliz ou menos feliz :-p

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    1. Eu sei. Só não conheço é histórias felizes destes colégios...

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  3. A minha experiência no segundo colégio não foi das melhores. E nem no primeiro, mas por motivos alheios a esta polémica.

    Costa pôs cobro a uma situação intolerável.

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    1. Uma verdade Mark. E desta vez acho que o mérito até é dele (ou por outra, é do próprio PS), e não dos acordos à esquerda...

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  4. Sempre achei estes contractos associação muito duvidosos. Obrigado por me esclareceres!!!

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    1. Anfitrião, sempre às ordens. Mas esta é só a minha experiência...

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  5. Francisco e Limite: Não acho que há casos e casos. Se há necessidade destes contractos para suprir uma necessidade de determinado local, muito bem. Se não há necessidade e se continuam a pagar esses contratos é para encher o cu a meia dúzia. Para mim é assim, preto ou branco. Não percebo porque alguns anos de contratos e toda a gente pensa que passou a ser vitalício. O veredicto veio hoje: o único compromisso do estado é o cumprimento dos acordos com turmas abertas em anos anteriores e não a obrigatoriedade de continuar a suportar novas turmas em novos anos.

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    1. Habituaram-se à mama, GbBb. E à custa dos trabalhadores (que é aí que eles vão buscar os lucros...)

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