quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Guia de análise da comunicação social sobre as Presidenciais e outras considerações

Como a comunicação social tem o dever de desinformar e servir os interesses do grande capital (olha o meu discurso comunista), porque esta coisa de prestar serviço público de informação é para países de terceiro mundo, eu decidi fazer um guia e umas considerações sobre o modo como têm acompanhado estas eleições.

1. Nunca confiar na comunicação social (CS). Tenho ouvido muita gente a dizer que todos dizem mal de Marcelo Rebelo de Sousa. Quando se vê um candidato em declarações à imprensa, e ele está tecer considerações sobre outro, muitas vezes está a responder a uma pergunta que o jornalista fez, mas o jornalista a fazer a pergunta não vai para o ar. Da mesma forma, quando os mesmos num comício tecem as mesmas considerações sobre outro candidato, é apenas esse comentário que passa. Esta é a manipulação. 
Acompanhei um dia de campanha de um dos candidatos. Estavam duas das três televisões da nossa praça. Uma delas, a pública, precisamente, só passou precisamente os 20 segundos em que, numa intervenção, ele "ataca" a direita. A intervenção teve cerca de 20 minutos, mas as TVs preferiram passar precisamente aquilo que mais lhes convém: o ataque a MRS, para transmitir a ideia que tudo o que aquele candidato faz é maldizer MRS. 

2. Não há candidatos de primeira e de segunda. Ou pelo menos não devia haver. A CS encarregou-se de os escalonar, como se a candidatura do Tino de Rans fosse menos legítima que a de Marcelo Rebelo de Sousa. A verdade é que o voto do Tino vale tanto como o do Marcelo. Logo, na hora de serem candidatos, deveriam ser tratados de igual forma. O mérito estaria na forma como cada um "brilharia", e não na forma como a CS os trata. 

3. Muita gente tem dito que o duelo principal é entre MRS, Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa. Os dois a últimos a ver se MRS não tem 50% à primeira volta,e  a verem se são eles a passar à segunda. Nesta ótica, MRS que sabe que só ganhará à primeira volta, joga um "tudo por tudo", tentando agradar a gregos e troianos. Contudo, ainda sabendo que um dos três será muito possivelmente o próximo presidente (certezas só dia 24 depois do jantar), e como já disse acima, todos os candidatos são válidos. Desta forma, importa perceber uma coisa:ainda que não sejam o futuro Presidente da República, os candidatos não "elegíveis" podem vir a ter um papel fundamental na vitória de Sampaio da Nóvoa ou Maria de Belém. Não tanto pelos apoios que poderão dar numa segunda volta, mas porque o verdadeiro intuito de muitas candidaturas é o esclarecimento e o combate à abstenção. E, no meu entender, há três candidatos que o têm conseguido: Edgar Silva, Marisa Matias e Henrique Neto. Este último tem sido para mim uma agradável surpresa. 
Há um candidato cujo nome desconheço que se agarrou como uma lapa ao argumento da corrupção. Ali cheira-me a Marinho Pinto II, um pouco mais moderado.

12 comentários:

  1. Bem, eu sou precisamente uma das pessoas que defende que a Presidência está a ser disputada por MRS, Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa - mas eu responsabilizo-me pelo que escrevo. A candidatura de "Tino de Rans", que tão-pouco é o seu nome verdadeiro, merece todo o meu respeito... mas alguém dá credibilidade a essa candidatura? Não é um fait divers? Alguém responsável reconhece-lhe sequer a possibilidade de ir a uma segunda volta? Sejamos responsáveis.

    Os demais candidatos servem, sim, nomeadamente para obstar a uma vitória de Marcelo à primeira volta. Quanto mais os eleitores dispersarem os seus votos agora, melhor. Tu mesmo dás razão a quem, como eu, considera que um dos três será o próximo PR [ «Contudo, ainda sabendo que um dos três será muito possivelmente o próximo presidente (...)» ].

    A Comunicação Social tem sido claramente tendenciosa, mas procuro não perder tempo com isso. Também não é surpresa. O Professor é reconhecido e estimado. E passou mais de uma década entre a RTP e a TVI.

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    1. Mark, acho que apelidar uma candidatura de fait divers é excessivo. Seja de quem for. É um cidadão a exercer o plenamente os seus direitos. A credibilidade dá-se dia 24 de janeiro, das 08 às 19, numa Assembleia de Voto perto de cada um de nós.
      O papel da Comunicação Social deveria ter sido simplesmente prestar informação. Rigorosa e isenta. E se assim fosse, os resultados poderiam ser muito diferentes, não só nestas eleições, como em todas as outras. Mas como nós dizemos nas reuniões de balanço das eleições "já sabemos que a CS é assim, temos de lutar contra ela!".

      Quando ao candidato Tino de Rans, e entrando no estrito domínio da minha opinião, escreve o que eu te digo - ele não vai ficar em último lugar. É possivelmente o menos capacitado para o cargo, e irá atuar como um depósito de "voto de protesto" misturado com pessoas que o admiram dos reality shows. Lembra-te que o Coelho, nas presidenciais anteriores teve uma votação considerável, e ficou à frente do Cavaco em alguns concelhos da Madeira.

      Não te esqueças que eu usei um "muito possivelmente". Certezas só depois dos votos contados, e já houve grandes surpresas ;)
      (olha as últimas legislativas, por exemplo).

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    2. Pudera... O Coelho é da Madeira. Natural.

      O âmbito das legislativas é distinto. Não são comparáveis.

      Claro. E está a exercer o seu direito. Candidatou-se. Quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele. Se queria ser credível - se é que alguma vez o quis - tivesse outra postura. O Tino de Rans é um boneco criado por esse senhor. No Brasil também é comum surgirem estas personagens nas revistas e na tv, e algumas até se candidatam à Presidência. Sabes qual o nome disso? Fait divers.

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    3. Mark, continuo a achar que é um nome muito forte para chamar à candidatura seja de quem for. Roça um bocado o insulto...

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    4. Não, Horatius. Se quisesse insultar diria que é uma palhaçada. :) Fait divers não é assim tão pejorativo.

      Epá, se o senhor Vitorino Silva queria ser levado a sério, desse-se a isso, ao respeito. Se eu apenas conheço a personagem "Tino de Rans", estás à espera do quê?

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    5. Não disse que era um insulto. Disse que EU achava que roçava o insulto, e não o "senso comum". Palhaçada sim, seria insultuoso.

      Também percebo que queres dizer. É como candidatar o Mark ou o Horatius (que são também duas "figuras" e não as pessoas que estão por trás delas...)

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    6. Se roça o insulto, é potencialmente insultuoso, mas eu não o considero assim. Vide "fait divers". :)

      Bem, o Mark sou eu aqui e na vida real. Sou exactamente a mesma pessoa. :) O meu blogue é o que sou, e tenho pessoas da blogo em outras redes sociais, que me conhecem e sabem disso.

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    7. Assinas no CC como "Mark"? :P
      Eu também sou a mesma pessoa... Aqui só mostro é o que me interessa :P

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  2. Tino Tino Tino

    O meu voto já decidido, tudo o resto é paisagem :)

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    1. Francisco, votas melhor nestas eleições que nas legislativas. É tudo o que eu te digo :D

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  3. Tens muita razão em tudo o que escreveste. :)

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    1. Tenho Mikel? Vai dizer isso aos senhores das televisões xD

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